quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Descaso com Patrimônio Cultural Edificado

Reportagem veiculada no Jornal de Santa Catarina de 01/12/2011 sobre o Patrimônio Cultural Edificado da cidade de Itajaí. Em se tratando de Santa Catarina, Itajaí não é exceção...

Além do Mercado Público, Itajaí vê outros três casarões históricos se deteriorarem ano após ano Causas do abandono passam pela falta de incentivos públicos e forte especulação imobiliária

Dagmara Spautz

dagmara.spautz@santa.com.br

O tempo deixou marcas nas fachadas que resistiram ao avanço e ao apelo da modernidade, década após década. Além do Mercado Público, interditado por falta de segurança, Itajaí vê outros três casarões tombados pelo patrimônio histórico se deteriorarem. Cobertas de memórias, as paredes são hoje um arremedo da imponência e da importância que tiveram para a cidade tempos atrás. Embora protegidas por lei, as construções tornaram-se um retrato do descaso.
O que separa o Mercado Público de Itajaí da Antiga Fiscalização do Porto, da Bauer & Cia e da Casa Mello são alguns metros de distância e o documento de propriedade: enquanto os dois primeiros são públicos, os dois últimos são particulares.
O que os difere, porém, é o estado de conservação em que se encontram. Único ainda ocupado até pouco mais de um mês, quando foi interditado, o Mercado Público teve ao menos a fachada conservada. Nos outros três, o reboco insiste em cair e as samambaias crescem como pragas entre as frestas do concreto.

As causas para o abandono se entremeiam. Ora, o fato de ocuparem uma região nobre da cidade faz da deterioração um interesse para a especulação imobiliária. Ora, falta incentivo público aos proprietários para que recuperem e preservem os casarões, tombados pelo patrimônio histórico.

— Não se criou uma consciência de que essas construções podem promover a cidade, trazer turismo e retorno financeiro. Em Itajaí, a ideia de progresso passa por uma arquitetura moderna, em detrimento do que é considerado antiquado - diz o historiador Francisco Braun Neto, professor da Univali.

Proprietário da Bauer & Cia, o empresário João Bauer, de Blumenau, afirma que a manutenção dos imóveis tombados é prejudicada pela falta de apoio:

— Não é vantagem nenhuma ter um imóvel tombado. O poder público faz exigências, mas não ajuda.

Membro do Conselho Municipal de Patrimônio e superintendente da Fundação Genésio Miranda Lins, que é responsável pelo patrimônio da cidade, Darlan Pereira Cordeiro reconhece a dificuldade:

— A legislação prevê que o proprietário conserve o imóvel, sob pena de multa. Mas sabemos que temos que dar um retorno. O benefício para o proprietário é pequeno, apenas a isenção do IPTU.

Por outro lado, quando o dono é o poder público, a garantia de conservação do imóvel passa pela vontade política.

— Cabe ao município conservar e restaurar os imóveis públicos tombados. Mas herdamos uma situação bastante difícil, prédios bastante deteriorados — justifica Cordeiro.

Fotos: http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/jsc/81,0,571,29673,marcas-do-abandono.html



Fonte: http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/jsc/19,6,3580478,Alem-do-Mercado-Publico-Itajai-ve-outros-tres-casaroes-tombados-pelo-patrimonio-historico-se-deteriorarem-ano-apos-ano.html Acessado em 01/12/2011.